domingo, 22 de fevereiro de 2009

NÃO HÁ NADA MAIOR

Começo com um texto retratando para mim uma das mais profundas e realistas das formas em expressar o que pensamos, falamos, opinamos, enxergamos e principalmente o que sentimos. Disso posso dizer que não há nada maior que expressar-se de forma clara, objetiva e que acione nosso universo constante num modo complexo e realista. Não há magos, profetas, políticos, reis, governantes ou qualquer outra classe hierarquica que possa contradizer a simples forma do ato de logo existir em nosso meio: A VERDADE. Ela por sua vez é a mãe de tudo que temos, criamos e que há de mais belo de mais horrível, de mais forte de mais fraco, de mais profundo, de mais levíano, de mais hipócrita, de mais sincero; Somente com ela criamos uma identidade, uma visão, uma vida, um olhar tão qual ignorante como também um olhar tão qual sábio, com ela temos o poder de destruir e criar, temos a oportunidade de fazer e escolher, com isso eu venho a dizer Não há palavra ou sentindo maior que a VERDADE.

OS PRECONCEITOS DOS FILÓSOFOS - A VERDADE EM SÍ

A vontade da verdade, que nos poderá levar ainda muitas aventuras, essa famosa veracidade de que todos os filósofos até agora falaram com veneração, quantos problemas essa vontade da verdade já nos levantou! Quantos problemas singulares, graves dignos de serem postos! Já é uma longa história - e, no entanto, parece que acaba de começar. Que haveria de estranho, acabássemos por nos tornarmos desconfiados, se perdêssemos a paciência, se nos tornássemos impacientes? Aprendemos, nós também, dessa esfinge a nos questionarmos; quem nos viria aqui precisamente a nos questionar? Que parte de nós mesmos tende à "verdade"? De fato, nós nos perguntamos então sobre o vaor dessa vontade. Pode ser que desejamos a verdade; por que não haveríamos de preferir a não-verdade? Quem de nós é aqui Édipo? Quem, a esfinge? Ao que parece é verdadeiro encontro de problemas e de questões. E poder-se-ia crer nisso? No fim das contas, parece que o problema jamais foi colocado até agora, que fomos os primeiros a percebe-lo, a considera-lo, a assumir o risco de tratar dele. De fato, é um risco a correr e, talvez, o maior de todos.
"Como uma coisa poderia nascer de seu contrário? Por exemplo, a verdade do erro? Ou a vontade do verdadeiro da vontade do erro? O ato desinteressado do egoísta? Ou como a contemplação pura e radiante do sabio nasceria a cobiça? Semelhantes origens são impossíveis; seria loucura pensar nisso, até pior. As coisas de mais alto valor devem ter outra origem, uma origem que lhes seja peculiar - não poderiam ter saído desse mundo passageiro, falaz, ilusório, desse labirinto de erroes e de desejos! É, pelo contrário, no seio do ser, no imutável, na divindidade oculta, na "coisa em si" que se deve encontrar sua razão de ser e não em qualquer outro lugar"!
Essa forma de apreciar constitui o preconceito típico com o qual são realemente conhecidos os metafísicos de todos os tempos. Essas avaliações se encontram na base de todos os seus procedimentos lógicos; é a partir dessa "crença" que se esforçam para atingir seu "saber", para alcançar alguma coisa que, finalmente, é solenemente proclamada "verdade". A crença fundamental dos metafisicos é a crença na oposição dos valores. Os mais intruídos dentre eles jamais pensaram em levantar dúvidas desde o inicio, quando isso teria sido mais necessári: ainda que tivesse feito voto de "OMNIBUS DUBITANDUM" (deve-se duvidar de tudo). Pode-se pergunta, com efeito, primeiramente se, de uma forma geral, existem contrários e, em segundo lugar, se as avaliações superficiais, perspectivas momentaneas, projetadas, dir-se-ia, do fundo de uma canto, talvez de baixo pra cima, perspectivas de rã, de algum modo, para empregar um expressão familiar de pintores? Qualquer que seja o valor que se atribuaao verdadeiro, ao verídico, ao desinteressado, poderia muito bem acontecer que se devesse atribuir a aparência, à vontade de enganar, ao egoísmo e à cobiça, um valor superior e mais fundamental para toda a vida. Além do mais, seria ainda possível que aquilo que constitui o valor dessas coisas boas e reverenciadas cinsistisse precisamente em que elas são aparentadas, ligadas e emeranhadas de uma forma insidiosa e talvez até mesmo idênticas às coisas más, aparentemente contrárias. Talvez! - Mas quem, portanto, se ocuparia de um tão perigoso "talvez"! É preciso esperar, para isso, a chegada de uma nova espécie de fílósofos, daqueles que são animados de um gosto diferente, qualquer que seja, de um gosto e de uma inclinação que difeririam totalmente daqueles que estiveram em curso até aqui - filósofos de um perigoso "talvez", sob todos os aspectos. E para falar seriamente: já os vejo chegando esses novos filósofos.
Após ter passado bastante tempo a ler filósofos nas entrelinhas e a inspecionar até a raiz das unhas, terminei por me dizer que a maior parte do pensamento consciente deve também ser incluída entre as atividades instintivas, sem executar até mesmo o pensament filosófico. É necessário aqui aprender a julgar de outra forma, como já foi feito com relação à hereditariedade e aos "caracteres adquiridos". Do mesmo modo que o ato do nascimento tem pouca importância no conjunto do processo hereditário, assim também o fato da "consciência" não se opôe, de uma forma decisiva, aos fenômenos instintivos - a maior parte do pensamento consciente de um filósofo é secretamente governada por seus intintos e forçada a seguir uma via traçada. Atrás da própria lógica e deaparente autonomia de seus movimentos, há avaliações de valores, ou me exprimir mais claramente, exigências físicas que devem servir para a manutenção de um determinado gênero de vida. Afirmar, por exemplo, que o determinado tem mais valor que o indeterminado, a aparência menos valor que a "verdade": semelhantes avaliações, apesar da importancia normativa que tem para nós, não poderiam ser senão avaliações de primeiro plano, uma espécie de tolice, útil talvez para a conservação de seres como nós. Se for admitido, naturalmente, que o homem não é a "medida das coisas"...